20 de jan. de 2011

Arquitetura x Português: Combogó, cobogó e a caixa d'água


Fonte da Reportagem: Correio Braziliense



A propósito de combogó ou cobogó, valem os dois, segundo o Houaiss (o Aurélio não cita a variação com M). Mas, a rigor, é cobogó -- a junção das duas primeiras letras dos sobrenomes dos caras que começaram a fabricar em concreto o elemento vazado que aumenta a ventilação e a iluminação dos prédios.


Na década de 1930, lá em Pernambuco,  o mestre-de-obras português Amadeu Oliveira Coimbra (CO), o ferreiro alemão Ernest Boekman  (BO), e o engenheiro brasileiro Antônio de Góis (GO) se juntaram para fabricar o elemento vazado e deram a ele o nome de cobogó. Foram, portanto, os pernambucanos que sistematizaram o uso do cobogó, segundo me contou, faz algum tempo, o professor de arquitetura Maurício Rocha de Carvalho, da Universidade Federal de Pernambuco.


Em 1934, os arquitetos Luís Nunes e Fernando Saturnino de Brito projetaram  a Caixa d´Água de Olinda, a primeira construção modernista de Pernambuco e uma das primeiras do país.  “Um castelo d´água”, no dizer de Lauro Cavalcanti, historiador de arquitetura. “De uma quase desconcertante radialidade modernista”,  nas palavras de Cavalcanti. Como a obra ficava num terreno muito alto, decidiu-se pelos cobogós (ou combogós) para permitir a passagem do vento.


A variação combogó é de mais fácil pronúncia. Cobogó parece um salto triplo fonético.

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