Foi em 1815 que Salvador ganhou seu primeiro monumento: um obelisco de 12 metros de altura, construído em mármore, que marcou a chegada de Dom João VI e da família real portuguesa à Bahia, em 1808. Instalado inicialmente no Passeio Público, a escultura foi transferida para a Praça da Aclamação, no Campo Grande, e é considerada um dos principais patrimônios materiais de Salvador.
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Na época da inauguração este foi conside- rado o maior monumento da América do |
Na mesma região, o Monumento ao 2 de Julho se destaca no centro do Largo do Campo Grande. Erguido em homenagem à Independência da Bahia, a escultura em mármore de Carrara, esculpida pelo artista italiano Carlo Nicoli, traz o símbolo do Caboclo para representar a identidade, nacionalidade e liberdade do povo. Quando foi instalado, em 1895, era considerado o mais alto da América do Sul, com 25,86 metros. Assim como estes, centenas de monumentos de valor histórico e artístico estão espalhados pela capital baiana. Seja em praças, ruas, jardins ou em instituições públicas e privadas, a maioria deles ajuda a contar a história das lutas e personalidades de Salvador.
O historiador e professor Chico Senna destaca os mais significativos dos séculos XIX e XX, entre eles o monumento aos Heróis da Batalha de Riachuelo (Guerra do Paraguai), inaugurado em 1874, em frente à Associação Comercial da Bahia, no Comércio; a escultura em homenagem ao poeta Castro Alves, no Centro Histórico de Salvador; a Cruz Caída, do artista baiano Mario Cravo Jr., instalada no local onde esteve a Catedral da Sé, que na década de 1930 foi demolida para a passagem de um bonde; a estátua de Vinícius de Morais, no bairro de Itapuã; e o marco da chegada de Thomé de Souza, um painel de azulejo e uma coluna instalados no Porto da Barra em 1951.
"Os monumentos contam a nossa história e devem ser preservados como memória e obra de embelezamento da cidade. É necessário que a população se conscientize da importância e zele por eles. Na grande maioria, o que acontece não é o desgaste pelo tempo, mas sim a depredação por causa do vandalismo", alerta Chico Senna, que durante oito anos foi presidente da Fundação Gregório de Matos (FGM), responsável pela preservação dos monumentos da cidade.
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Monumento à Cruz Caída - Mario Cravo Jr. |
Preservação - A ação dos vândalos também é apontada por Marco Antônio Rocha, gerente de sítios históricos da FGM, como a principal causa da degradação dos monumentos, que são alvos de pichações e roubos de peças, gradis de proteção e fios da iluminação. Atualmente, nenhuma obra se encontra em recuperação, mas a expectativa é que os técnicos da Fundação iniciem este trabalho em 30 monumentos da cidade. Entre os diferentes tipos, estão bustos, ermas (espécie de busto que mostra uma parte maior do braço da personalidade retratada), medalhões, estátuas, esculturas, oratórios, mausoléus e fontes (quando estão localizadas dentro dos monumentos).
Apesar do trabalho de restauração realizado pela Fundação Gregório de Matos - a manutenção fica por conta da Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb) e da Superintendência de Conservação e Obras Públicas do Salvador (Sucop) -, Marco Antônio explica que é necessário realizar um trabalho educativo sobre a importância deste patrimônio para a cidade.
"Nós pretendemos colocar o trabalho em prática este ano, com a oferta de cartilhas nas escolas, explicando o que são os monumentos e a importância deles, para que os alunos repassem as informações dentro de casa. Além das cartilhas, há que se fazer um plano de educação, com apresentações e visitas periódicas das escolas aos monumentos", explica.
O soldado do Exército Jadir Ribeiro sugere a criação de um projeto de apadrinhamento do patrimônio, que diminuiria os casos de degradação. "Os monumentos deveriam ter seus padrinhos, sejam empresas ou órgãos públicos, assim como acontece com os Fortes que pertencem às Forças Armadas. Eles são a identidade de uma cidade e de seu povo, por isto precisam de cuidados", ressalta.
Patrimônio material - Devido à importância histórica e artística, alguns monumentos se tornam patrimônio do estado, do país ou até da humanidade. Já que Salvador não possui uma lei de tombamento, o procedimento é feito pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) ou pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a depender do caráter e do nível de importância da obra.
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Consta que o local onde se encontra a Cruz do Pascoal era um ponto de reza antes mesmo da construção do marco. |
Integram esta lista o Oratório da Cruz do Pascoal, no bairro do Santo Antônio, que foi inspirado nas
De acordo com o Ipac, qualquer pessoa pode dar entrada em um processo de tombamento (confira o quadro). Este é o caso do ex-jogador de futebol Florisvaldo Nascimento, que já reuniu toda a documentação necessária para solicitar o tombamento da Cruz da Redenção e da Igreja de Brotas.
"A Cruz da Redenção virou alvo de vândalos, está abandonada, mas faz parte da história da Bahia. Depois que fui ao Ipac e vi que o local não é tombado, resolvi fazer isso. O local foi um marco na luta de Maria Quitéria e serviu de base para franceses e ingleses", explica.
torres das igrejas do século XVIII e erguido pelo português Pascoal Marques de Almeida; o prédio do antigo Hotel da Bahia, no Campo Grande; o Museu de Arte Moderna da Bahia, localizado no Solar do Unhão, na Avenida Contorno; e o antigo prédio do Jornal A TARDE, na Praça Castro Alves.
Fonte: Seixas, Thaís.
Monumentos Contribuem para preservar a história de Salvador. Acessado em:05/02/2013. Disponível em
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