22 de ago. de 2011

Arquitetura Paisagística - Um Breve Histórico



A Arquitetura Paisagista, arte de ordenar o espaço exterior em relação ao Homem, ou seja, a paisagem, unidade geográfica, ecológica e estética, resultante da acção humana e da reação da natureza. Hoje a paisagem não surge espontaneamente equilibrada mas constitui um espaço onde o somatório dos projetos setoriais têm conduzido, como a agricultura e a silvicultura, à exploração exaustiva dos recursos naturais, à construção indiscriminada de conjuntos edificados e fábricas e à implantação consequente das infra-estruturas necessárias a cada setor, tais como auto-estradas, pontes, aeroportos e barragens.

Ao arquiteto paisagista, compete o papel de criar, em qualquer paisagem que é o suporte das comunidades humanas, a melhor forma de considerar e desenvolver os seus valores culturais e recursos biofísicos. Para isso, há que considerar, no plano, a síntese dos pontos de vista culturais, económicos, técnicos e biológicos. O arquiteto paisagista, tendo “ o Homem como centro de todas as mudanças”, terá de ordenar as diferentes formas de vida autônomas, na sua essência biológica, sujeitas a uma evolução pré concebida e cíclica no tempo.
O paisagista é um profissional cada vez mais valorizado, diferentemente de alguns anos atrás, que era visto como jardineiro. Ele é responsável pelo estudo e planejamento dos espaços, pelo desenho do projeto (a mão livre ou no computador) e pelo gerenciamento da implantação e manutenção.
A origem da profissão de paisagista remonta as culturas antigas, da Pérsia e Egito à Grécia e Roma no tratamento de seus jardins. Durante a Idade Média o interesse pelo espaço exterior diminuiu, porém, com o Renascimento, foi revivido com esplendidos resultados na Itália e deu origem às vilas ornamentadas, jardins, e grandes praças exteriores.

JARDIM CLÁSSICO FRANCÊS.

Posteriormente este movimento chegou à França, originando o estilo clássico francês, com a construção de grandes jardins de palácios como o de Versailles, no século XVII, projetados por André Le Notre, onde a simetria e poda das plantas era bastante rígida.
Tais fatos influenciaram profundamente os castelos e jardins urbanos da França do século XVII, onde a arquitetura da paisagem e o projeto alcançaram níveis de sofisticação e formalidade. Os projetistas tornaram-se muito conhecidos, como Andre Le Nôtre, que projetou os jardins de Versailles e Vaux-le-Vicomte, que está entre os mais famosos dos precursores da atual arquitetura da paisagem.
No século XVIII, a maioria dos "jardineiros paisagistas" ingleses, como Lancelot "Capability" Brown, que remodelou o espaço exterior do Blenheim Palace, rejeitou a ênfase geométrica da França em favor da imitação das formas da natureza. Uma exceção importante foi Sir Humphrey Repton. Ele reintroduziu a estrutura formal no projeto da paisagem com a criação dos primeiros grandes parques públicos como o Victoria Park em London (1845) e o Birkenhead Park em Liverpool (1847).
 

 
O JARDIM INGLÊS
No século XVIII, paisagistas ingleses, como Lancelot "Capability" Brown, apresentam o conceito de jardim com formas mais orgânicas e naturais, consolidando o estilo de jardim inglês, que era naturalista.

OS GRANDES PARQUES URBANOS - CENTRAL PARK

Na América do Norte, um dos primeiros paisagistas de destaque foi Frederick Law Olmsted, que construiu o Central Park em Nova York com Calvert Vaux no final da década de 1850. 
Em 1863, o uso oficial da designação "arquiteto paisagista" pelos responsáveis pelos parques de Nova York marcou a gênese simbólica da arquitetura da paisagem como uma nova profissão de projeto. Olmsted tornou-se um pioneiro e visionário da profissão. Seus projetos ilustram seu alto padrão profissional, incluindo o projeto do Central Park em Nova York com Calvert Vaux no final da década de 1850 e o exterior do Congresso Norte Americano nos anos 1870.
Nos anos seguintes, a profissão de arquiteto paisagista ampliou-se. Ela desempenhou um importante papel em suprir crescente necessidade da nação por ambientes urbanos bem planejados e projetados. Parques urbanos, sistemas de parques metropolitanos, subúrbios residenciais e campus universitários foram planejados e surgiram em grande número, culminando com o movimento City Beautiful na virada do século.

Embora a profissão propriamente dita tenha crescido vagarosamente, seus pioneiros, incluindo Olmsted, Vaux e Horace Cleveland, estavam entre os primeiros a tomar parte no movimento de planejamento das cidades e em despertar interesse pelo projeto de cidadania. Olmsted também juntou-se a outros arquitetos paisagistas para trabalhar em projetos em outros ambientes urbanos, tais como Yosemite Valley e Niagara Falls. Em 1899, a ASLA - American Society of Landscape Architects, Associação Americana de Arquitetos Paisagistas foi fundada por 11 pessoas em Nova York _ muitas delas associadas a Olmsted. A ASLA continuou a representar os arquitetos paisagistas por todo os Estados Unidos.
 SOBRE O PAISAGISMO BRASILEIRO

Os trabalhos de paisagismo têm longa tradição no país, tendo suas origens no final do século XVII com o projeto para o Passeio Público do Rio de Janeiro, concebido por Mestre Valentim, durante a gestão do vice-rei Dom Luís de Vasconcelos em 1773.
Durante o século XIX, com a construção da nação brasileira, com o aumento das populações urbanas e a mudança dos hábitos sociais, o projeto de paisagismo urbano se consolida no país, tendo como principal cliente e mecenas, a elite do Império e da República Velha, que patrocinou o ajardinamento e tratamento paisagístico das suas áreas de moradia, propiciando a criação de praças, parques públicos e privados, boulevards, promenades e jardins sofisticados, pelas quais passeavam as famílias de posses de então.
O principal paisagista do Império foi o francês Auguste François Marie Glaziou, que foi chamado por Dom Pedro II para trabalhar no país em 1858 e aqui projetou os parques da Corte, entre eles o da Quinta da Boa Vista, o de São Cristóvão, o do Palácio de Verão de Petrópolis, o do Barão de Nova Friburgo em Nova Friburgo, o Parque São Clemente e muitos outros, e ainda a requalificação do Passeio Público .
Sua obra, de alta qualidade, incorporou a tradição anglo-saxônica do tratamento da paisagem a tropicalidade da vegetação local, criando uma simbiose perfeita entre a rica flora existente e os cânones românticos de sue modo de projetar.
Muitos foram os paisagistas que trabalharam com o paisagismo no século XIX e no século XX. Durante a Primeira República, especialmente no Rio de Janeiro e São Paulo, como Paul Villon, Arsene Puttmans e Reynaldo Dierberguer, produzindo tanto para particulares como para o Estado.
A tradição cultural do período, fortemente influenciada pelas tradições européias - francesas, italianas e inglesas - se reflete diretamente na configuração do projeto paisagístico nacional, que é resultado de uma mescla de simbiose constante de ideais, formas, materiais e vegetação tropical ou não.
A este modo de pensar e conceber o projeto, denominamos de Eclético, que tem dentro de si três correntes formais principais: Clássica, Romântica e Mista Clássico-Romântica.
O século XX marca a consolidação da atividade paisagística no país, com o aumento das demandas de espaços tratados paisagisticamente pela população urbana, em constante expansão. Neste século as transformações sociais e urbanas são constantes e o Brasil chega ao século XXI como uma nação totalmente urbana, possibilitando, principalmente após os anos 1950, a ampliação do mercado de trabalho, tanto dentro do âmbito público como privado.;
Ao mesmo tempo que aumentas as opções e a diversidade do lazer para a sociedade em geral, maiores são os segmentos sociais a demandar espaços para atividades ao ar livre e a recreação é um dos motes para a organização do espaço livre, tanto público como privado. Os equipamentos específicos para o lazer se tornam comuns, primeiro os playgrounds e quadras esportivas, depois as piscinas (principalmente nos prédios de classe média e residenciais de classe média-alta) e o banho de mar e o encontro na praia, se tornam hábitos em todas as cidades praianas brasileiras. O tratamento do espaço do pedestre, das calçadas, começa a ser discutido com a implantação de vastas áreas pedestrianas, como um modo mais eficiente de circulação.
Praças e parques já não são mais redutos das elites, que esporadicamente e em locais pré-determinados a eles se dirigem, sendo solicitada sua instalação e gestão nos bairros e subúrbios populares distantes, carentes de qualquer estrutura espacial mínima de lazer.
O século XX é um período de rupturas formais no paisagismo, a primeira delas originando o que denominamos de Escola Modernista, com forte influência do trabalho geometrizado e funcionalista dos paisagistas californianos, como Church, Eckbo e Halprin e dos fortes e pessoais traçados plasticamente rocambólicos ou por vezes também geométrico de Roberto Burle Marx.
Este foi o primeiro paisagista a romper os cânones tradicionais do Ecletismo, em obras de porte para o governo do Estado Novo. Sua obra, baseada em um sentimento nacionalista forte e formalmente diferenciada, se tornou ícone da modernidade de então, sendo o paisagista constantemente chamado para colaborar nos grandes projetos do período getulista e dos primórdios da Nova República, até sua morte em 1994.
A alta qualidade do seu trabalho, o porte, visibilidade e volume da totalidade da sua obra, garantiram a Burle Marx um papel fundamental na história do paisagismo nacional e internacional.

ATÉ DÉCADA DE 80 - Poucos paisagistas no Brasil


Até a década de 80, o paisagista era pouco valorizado no Brasil, tendo atuação apenas em grandes espaços e obras públicas. Em prédios e residências predominava o profissional jardineiro, sem muito conhecimento estético e técnico, pois as crianças brincavam nas ruas e não havia necessidade de grandes áreas de lazer dentro dos prédios. Mas mudanças sociais ocorreram e acabaram beneficiando o paisagismo.
Quem está na faixa dos 40 anos sente bem estas mudanças. Na década de 70, os muros eram baixos e as crianças brincavam na rua, não havia tantos carros e tanta violência, além disso a maioria das mães era dona de casa.

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