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31 de jul. de 2011

Estudando a Prossêmica e a Ergonomia em Arquitetura

Esse semestre sendo o último de matérias em meu curso de Arquitetura e Urbanismo (VIVA! \o/) apareceu a tão famigerada Matéria Optativa que não passa de mais uma obrigatória do curso. Mas a bola da vez é estudar Ergonomia e Proxêmica. Isso mesmo pessoal proxêmica. Então vamos a ela.

O termo proxêmica (proxemics) foi cunhado pelo antropólogo Edward T. Hall em 1963 para designar os estudo sobre as distâncias interpessoais por ele empreendido, e relatado no livro A dimensão oculta [1], uma leitura obrigatória para arquitetos. Como ressalta o autor, tudo que o homem faz esta relacionado com sua experiência espacial, e o significado que atribuímos ao espaço que regulamenta o nosso desempenho está profundamente relacionado com as distâncias interpessoais.
Aliás, o trabalho se tornou uma referência importante  para qualquer projetista, estudioso ou planejador que lida com as relações espaciais entre os seres humanos. A segurança pessoal, social e pública, o conforto ambiental em espaços sociais e públicos, o controle da qualidade espacial de espaços coletivos, muito deve desde então ao estudo de Hall.
A percepção do espaço é estudada por Edward Hall através dos seus órgãos dos sentidos, que são tratados como receptores. Os receptores próximos são o tato, o olfato, e os receptores remotos, a audição e a visão.
As propriedades e características são estudados do ponto de vista psicológico, antropológico e cultural. Sem dúvida, o ponto alto deste estudo é a classificação das distancias interpessoais, um dado importante hoje em dia, devido ao efeito da aglomeração nas grandes cidades, e que pode ser de grande valia para o arquiteto. As distâncias estudades são a a Distância Íntima, Distância Pessoal, Distância Social e Distância Pública.
  • Distância íntima: para abraçar, tocar ou sussurrar; envolve contacto físico entre os corpos; não permitida em habitual em público na maior parte das culturas (0-45 cm); 

- Modo próximo: maior proximidade possível, contacto entre a pele e músculos;
- Modo afastado: apenas as mãos estão em contato; proximidade provoca visão distorcida do outro, distância na qual se fala aos sussurros.
  • Distância pessoal: para interação com amigos próximos; distância que o indivíduo guarda dos outros (45-120 cm);
- Modo próximo: permite tocar no outro com os braços; a posição/distância revela o relacionamento que existe entre os indivíduos;
- Modo afastado: limite do alcançe físico em relação ao outro; distância habitual da conversação pessoal;
  • Distância social: para interação entre conhecidos; definida por Hall como o "limite do poder sobre outrem"; a esta distância os indivíduos não se tocam.(1,2-3,5 m);
    - Modo próximo: adotado quando várias pessoas dividem o mesmo espaço de trabalho ou em reuniões pouco formais;
    - Modo afastado: adotado quando de relações sociais ou profissionais formais;
  • Distância pública: para falar em público; situa-se fora do círculo mais imediato do individuo; vista em conferências. (acima de 3,5 m).
    - Modo próximo: relações formais; permite a fuga ou a defesa caso o indivíduo se sinta ameaçado;
    - Modo afastado: modo no qual a possibilidade de estabelecer contacto com alguém é nula, devido à distância.
Hall indicou que diferentes culturas mantêm diferentes padrões de espaço pessoal. Nas culturas latinas, por exemplo, aquelas distâncias relativas são menores e as pessoas não se sentem desconfortáveis quanto estão próximas das outras; nas culturas nórdicas, ocorre o oposto.
As distâncias pessoais também podem variar em função da situação social, do gênero e de preferências individuais.


ERGONOMIA é uma ciência multídisciplinar com a base formada por várias outras ciências. A Antropometria e a Biomecânica fornecem as informações sobre as dimensões e os movimentos do corpo humano. A Anatomia e a Fisiologia Aplicada fornecem os dados sobre a estrutura e o funcionamento do corpo humano. A Psicologia, os parâmetros do comportamento humano. A Medicina do Trabalho, os dados de condições de trabalho que podem ser prejudiciais ao organismo humano. Da mesma forma, a Higiene industrial, a Física, a Estatística e outras ciências fornecem informações a serem utilizadas pela ERGONOMIA, de forma a possibilitar o conhecimento e o estudo completo do sistema homem-máquina-ambiente de trabalho, visando a uma melhor adequação do trabalho ao homem. No Renascimento, os ensinamentos de Vitrúvio passam novamente a ganhar grande importância. É nessa época que os seus livros são traduzidos para a língua italiana. Os dados antropométricos apresentados por ele, são desenhados por Leonardo Da Vinci (± em 1490) no seu célebre trabalho “L’Uomo di Vitruvio” (O Homem de Vitrúvio).
A articulação entre ergonomia e arquitetura permite ressaltar uma característica da prática de projetos de concepção de espaços: a construção progressiva do programa de necessidades que passa  pela  integração  dos  diferentes  pontos  de  vista  dos  atores  envolvidos  ao  longo  do processo. Há  uma  idéia  de  que  o  programa  arquitetônico  define  o  problema  colocado  pelo cliente  e  que  se  espera  ser  resolvido  pelos  projetistas. Mas  o  programa  não  é  totalmente definido quando da demanda pelo projeto; há uma construção ao longo do projeto pelos atores envolvidos para garantir sua coerência. O papel da intervenção ergonômica é  permitir  que  o  processo  de  concepção  seja  considerado  não  como  a  resolução  de  um problema, mas como sua formulação.

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